domingo, 26 de janeiro de 2014

A AVÓ LUCIANA (2ª parte)


Rua de S. José nº77, era nesta morada que Luciana vivia com sua mãe e irmãs. A Rua de S. José era um dos eixos importantes do Centro, estabelecendo a ligação entre o largo da Carioca e a Rua da Misericórdia.  Desde o século XVII que era conhecida como rua do Parto, por nela se erigir uma ermida dedicada a Nossa Srª do Parto. Só após a construção da actual Igreja de S. José já no século XIX é que a rua adopta definitivamente a designação de S. José.



Foto de Marc Ferrez c.1870
Vista da Praça D. Pedro II a partir do morro do Castelo
 Identifica-se a R. de S. José, como a rua que confina com o Morro do Castelo e que vai passar entre a Câmara dos deputados à esquerda (antiga prisão) e a Igreja de S. José, em primeiro plano à direita



foto de Juan Gutierrez c.1893
Foto do morro do Castelo tomada da Igreja do Carmo (vista inversa da da foto anterior), identificando-se à esquerda a Igreja de S. José e a Rua da Misericórdia com o morro do Castelo e a Igreja de S. Sebastião, ao fundo


Foto de Marc Ferrez c.1885
Vista da Rua direita a partir do Morro do Castelo
 (com o largo do Paço - Praça D. Pedro II, à direita e a cúpula da Candelária, ao centro ao fundo)



Foto de Marc Ferrez c.1890
Vista do Centro a partir do Morro do Castelo
 (vê-se ao centro a cúpula da Igreja da Candelária)



Foto de Marc Ferrez
Praça D.Pedro II (actual Pr XV de Novembro) com o Paço à esquerda, o Convento do Carmo,a torre da Catedral, a Igreja do Carmo e a Igreja terceira do Carmo



Foto de Marc Ferrez c.1890
Largo do Paço, Rua 1º de Março, 1890 – à esquerda identifica-se o Convento do Carmo, a torre da Catedral, a Igreja do Carmo e a Igreja terceira do Carmo. Na Rua podem observar-se os “bondes” de tracção animal e um dos muitos carrinhos de mão que utilizam os carris dos “bondes”

Nessa mesma rua, quase em frente, no número 70, residia um jovem português, de nome Joaquim Manuel de Campos Amaral.

É provável que em 1892, Luciana, com 24 anos, já tivesse reparado no jovem Joaquim Manuel, então com 30 anos, bem parecido, comerciante de sucesso e empresário respeitado no Rio de Janeiro, oriundo de boas famílias de Oliveira do Hospital.

Sabemos que Joaquim Manuel foi para o Rio de Janeiro com apenas 11 anos de idade, em Novembro 1873. À data seu pai ainda era vivo. Não sabemos em que circunstâncias terá ido para o Brasil. Seu irmão João (João Joaquim de Campos Amaral) juntou-se a ele no Rio de Janeiro, sendo seu sócio nas empresas.

Desconhecemos o que se passou nos cerca de 17 anos, entre a sua chegada ao Rio de Janeiro e a fundação da firma AMARAL, GUIMARÃES & Cia em 1890. À data do seu casamento em 1892, Joaquim Manuel, era já um empresário de sucesso no Rio de Janeiro.



Fotos de Joaquim e de Luciana por altura do seu casamento em 1892, ele com 30 anos e ela com 24
Estúdio Guimarães e Cª - Rio de Janeiro

E mais uma vez a história se repetiu. A jovem herdeira brasileira, conheceu um jovem português bem sucedido, apaixonaram-se e casaram, tal como sua mãe Maria da Encarnação e antes dela a sua avó, Maria José, a sua  bisavó, Catarina de Sena, a sua trisavó, Ana Joaquina e a sua tetravó, Rosa Bernarda.

Luciana Leal Ferreira Souto, casou no Rio de Janeiro a 26 de Novembro de 1892, com Joaquim Manuel de Campos Amaral, natural de S. Paio de Gramaços (Oliveira do Hospital, Coimbra, Portugal), filho de Manuel José Tavares de Campos e de Joaquina Rosa Ribeiro do Amaral, tal com consta do seu assento de casamento.

Livro de registos de Casamento da freguesia de S. José, Rio de Janeiro – livro 10/f26v
“A vinte e seis de Novembro de mil oitocentos e noventa e dois, ás cinco da tarde, com provisão do Monsenhor Vigário geral, na casa de residência do contraente, sita á rua de S. José número 70, sobrado, em minha presença e na das testemunhas Joaquim Fernandes dos Santos Júnior e Augusto dos Santos Madahil, por palavras de presente justa tridentino, se receberam em matrimónio Joaquim Manuel de Campos Amaral e Luciana ferreira Souto, ele filho legítimo de Manuel José Tavares de Campos e de Joaquina Rosa Ribeiro do Amaral, nascido e baptizado na freguesia de S. Paio de Gramaços, Bispado de Coimbra, em Portugal e ela, filha legítima de José da Costa Ferreira Souto e Maria da Encarnação Leal, nascida e baptizada na freguesia de Nossa Senhora da Candelária desta capital; ambos moradores nesta freguesia de S. José.”
O Vigário António José de Sousa
Nota - O casamento foi celebrado em casa, por a mãe da contraente se encontrar doente
 
Assinatura de Luciana Ferreira Souto, tal como consta no seu assento de casamento. O ligeiro tremor na escrita ao iniciar a sua assinatura traduz o estado de nervos da jovem Luciana.

Assinatura de Joaquim Manuel de Campos Amaral, tal com consta no seu assento de casamento

Livro de Registos de Matrimónios - 4ªPretória do Rio de Janeiro
Volume 2; Jun 1892-Julho1893; folha 90; registo 310
“Aos vinte e seis de Novembro de mil oitocentos e noventa e dois, no Rio de Janeiro, na Rua de S. José número setenta, casa de residência do contraente, onde foi vindo o Dr. Carlos Marques de Sá, juiz da quarta Pretória comigo …..no cargo abaixo nomeado e assinado, às duas horas da tarde, presentes as testemunhas Joaquim Fernandes dos Santos Júnior, Joaquim José Viena, Francisco Outono Pires… e António José de Matos Guimarães, receberam-se em matrimónio Joaquim Manuel de Campos Amaral, filho de Manuel José de Campos e de D. Joaquina Rosa do Amaral, com trinta anos de idade, solteiro, português, comerciante, morador na Rua de S. José número setenta, com Luciana Ferreira Souto, filha legítima de José da Costa Ferreira Souto e de D. Maria da Encarnação Leal Souto, com vinte e cinco anos de idade, solteira, natural desta capital, residente na Rua de S. José número setenta e sete.”


Livro de Registos de Matrimónios - 4ªPretória do Rio de Janeiro
Volume 2; Jun 1892-Julho1893; folha 90; registo 310

A testemunha António José de Matos Guimarães era o sócio de Joaquim Manuel na firma “Amaral Guimarães & Cia”.

Após o casamento Joaquim Manuel e Luciana ficaram a residir no Rio de Janeiro, na Rua de S. José, nº70. Foi nesta casa que nasceram os três filhos mais velhos. No início do século a casa da avó Maria da Encarnação no número 77 sofreu um violento incêndio tendo sido destruída. Foi nessa altura que foi construída a grande casa de família recordada pela avó Nanda, um prédio grande com escritórios e loja da firma comercial do pai no piso térreo e casa de habitação nos dois andares superiores.

Na página 613 do livro “Impressões do Brazil no Século Vinte” de Reginald Lloyd(Edição de 1913 da Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd.) está uma fotografia do edifício onde se localizava o escritório de exposição de ladrilhos, azulejos, metais e louças, da firma “Amaral, Guimarães & Cia”, sendo referida a morada da Rua de S. José números 77 e 79.



Residência dos Campos Amaral no Rio de Janeiro
Rua de S. José 77 e 79  “Impressões do Brazil no Século Vinte” de Reginald Lloyd (Edição de 1913 da Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd.) – pág. 613

O prédio da foto, referido com nº 77, com a loja em baixo e os dois pisos, coincide na localização e tipo de edifício, com a descrição da avó Nanda. A residência da família Campos Amaral na cidade do Rio de Janeiro ocupava os dois andares superiores deste prédio. A avó Nanda recordava muitas vezes com saudade as brincadeiras de infância no varadim central do 1º andar, sob a luz da clarabóia, de onde avistava o seu pai e dos outros funcionários a trabalhar no piso térreo. Ainda hoje subsistem inúmeros imóveis deste tipo no Centro do Rio de Janeiro que sobreviveram à voragem demolidora dos últimos 100 anos.

Foram frequentes as viagem do casal a Portugal em virtude dos negócios do avô Joaquim.


Foto da avó Luciana,  tirada em Lisboa em 1900
Estúdio Foto Brasil em Lisboa

O avô Joaquim e a avô Luciana tiveram sete filhos:
  • Joaquim José  – nasceu a 9 de Janeiro de 1894.
  • Maria Antónia – nasceu a 5 de Junho de 1896.
  • José Luso – nasceu a 16 de Julho de 1899 e foi baptizado na Igreja de S. José no Rio de Janeiro a 25 de Dezembro de 1899; segundo a tradição familiar o nome José Luso terá sido escolhido por ter sido concebido nas termas do Luso, numa das estadias do casal em Portugal em virtude dos negócios do avô Joaquim
  • Fernanda Amélia (a avó Nanda) – nasceu a 8 de Outubro de 1901 na casa da Rua de S. José número 70, pelas oito horas da manhâ.
  • Susana - nasceu a 21 de Julho de 1903 e foi baptizada na Igreja de S. José no Rio de Janeiro a 25 de Dezembro de 1903
  • Manuel José - nasceu a 28 de Agosto de 1905 e foi baptizado na Igreja de S. José no Rio de Janeiro a 15 de Agosto  de 1906
  • Amélia Clementina - nasceu a 18 de Dezembro de 1907 e foi baptizada na Igreja de S. José no Rio de Janeiro a 25 de Dezembro de 1908

Bp José Luso . RP Baptismos da freguesia de S. José/ Rio de Janeiro – 1898-1899/f146v 
Bp Susana. . RP Baptismos da freguesia de S. José/ Rio de Janeiro 1903-1904/f103
Bp Manuel José RP Baptismos S. José 1906/f8 e 8v
Bp Amélia Clementina RP – Baptizados , S. José/ Rio de Janeiro – livro 29/f191v

Na narrativa histórica da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, editada em 1930 pelo Professor Ferreira da Rosa, para além de nos dar a conhecer o importante papel que o avô Joaquim teve na história desta prestigiada instituição, dá-nos também algumas pistas que nos permitem esclarecer e colmatar algumas lacunas da história familiar.

O Prof. Ferreira da Rosa, refere que, em 1908, o avô Joaquim abandonou o cargo de presidente da associação por motivo de doença. A alegada enfermidade não seria de Joaquim Manuel de Campos Amaral, mas sim de sua mulher Luciana.

A doença da avó Luciana sempre foi um mistério. Sabemos que deixou de andar ainda no Rio de Janeiro. Consultou os melhores especialistas, sem sucesso e o seu estado de saúde continuava a deteriorar-se. Terá sido na mudança da década, que a situação clínica da avó Luciana levou a uma tomada de decisão radical. O avô Joaquim decide mudar-se com toda a família para a Suíça, em busca dos “bons ares” e dos grandes especialistas em “doenças nervosas” aí existentes.

Na sua viagem, fazem escala em Lisboa. Em Portugal viviam-se tempos difíceis e conturbados, após a implantação da República em 1910. O avô Joaquim era um monárquico convicto.

A família e os empregados que a acompanhavam alojaram-se no Hotel Borges no Chiado, à época um dos hotéis de renome da capital e o preferido do avô Joaquim nas suas deslocações a Lisboa.


Rua Garret  com o Hotel Borges (junto ao Largo do Chiado) – é o edifício branco

Por essa altura em Lisboa, começava a falar-se de um jovem médico, professor da Universidade de Coimbra e que tinha vindo para Lisboa, como Professor da nova Escola Médico Cirúrgica do Campo de Santana.

Era especialista em “doenças nervosas” e chamava-se António Caetano Abreu Freire de Egas Moniz, mais conhecido por Egas Moniz. A avó Luciana foi por ele consultada, tendo iniciado tratamentos em Lisboa.

Foi pois, o Prof. Egas Moniz, que anos mais tarde viria a ser galardoado com o prémio Nobel da Medicina, (em 1949), quem dissuadiu o avô Joaquim de prosseguir viagem, convencendo-o de que na Suiça não disporia de melhores recursos médicos do que em Portugal.



António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz (Avanca, 29 de Novembro de 1874 / Lisboa, 13 de Dezembro de 1955), foi um notável médico, neurologista, investigador, professor, político e escritor português. Foi galardoado com o Prémio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1949, partilhado com Walter Rudolf Hess (1881-1973).

A confiança no jovem médico foi decisiva na alteração dos planos inicialmente traçados, e a passagem breve por Lisboa transformou-se em estadia prolongada. A família permaneceu alojada no Hotel Borges durante vários meses até ser encontrado alojamento definitivo.

Não foi fácil encontrar uma casa suficientemente grande e “moderna” em lugar com “bons ares”, para acomodar toda a família e possibilitar a convalescença da avó Luciana. Foram vistas propriedades em diversos locais do país, nomeadamente a Quinta das Lágrimas em Coimbra e outras em Sintra, Cacém e Lisboa.

Finalmente optou-se pela compra da Quinta das Palmeiras, mas isso é uma outra história.

A avó Luciana sempre viveu contrariada em Lisboa, longe da sua cidade, da sua mãe e irmãs, num pais que considerava atrasado e triste. Nunca mais voltou a andar, deslocando-se numa cadeira de rodas e alternando períodos de melhoria e agravamento da sua situação clínica (neurológica / psiquiátrica), até à sua morte em 1916. Morreu na sua casa de Benfica, na Quinta das Palmeiras, tendo sido sepultada no Cemitério dos Prazeres, no Jazigo dos Mantuas, seus amigos e vizinhos em Benfica.

domingo, 19 de janeiro de 2014

A QUINTA DAS PALMEIRAS EM BENFICA

LISBOA, no virar da primeira década do século vinte recebia a família Campos Amaral que se mudava para a Europa para tratamento médico da avó Luciana. Embora o destino final fosse a Suiça, o avô Joaquim acabou por ceder aos argumentos que o pressionavam a permanecer em Portugal. Era o seu país, os cuidados médicos que tinha assegurado para a avó Luciana em Lisboa,  tinham-se revelado promissores e ao fim de alguns meses tinha encontrado uma propriedade em Lisboa com as condições adequadas para instalar toda a sua família, a Quinta das Palmeiras.


Tratava-se de uma grande quinta, limitada a nascente pela estrada do poço do chão, (que ligava o callhariz de Benfica a Carnide), a norte pela estrada dos Arneiros (Caminho da correia), a poente pela Rua dos Arneiros e a Sul confrontava com outras quintas. A escolha desta propriedade, prendia-se com os bons ares da região, numa zona de quintas, mas ao mesmo tempo, suficientemente próxima de Lisboa, para o avô Joaquim manter os seus negócios.

Não sabemos se era essa a designação original da quinta, ou se foi assim baptizada depois do avô Joaquim terá mandado plantar as inúmeras alamedas de palmeiras que constituíam a principal característica da propriedade. No centro da mesma existia uma grande casa, de planta quadrangular, com enormes vidraças em cada uma das fachadas.


Foto de uma das alamedas de palmeiras “canarensis” da quinta (c.1912)


Pormenor da região de Benfica no levantamento topográfico de 1911, onde é possível identificar a Quinta das Palmeiras, limitada a norte pelo Cemitério de Benfica (à data, também conhecido por cemitério dos Arneiros) e caminho da Correia (ou estrada dos Arneiros) e a nascente pela estrada do Poço do Chão (do outro lado dessa estrada ficava a quinta da Granja, que ainda hoje existe).


Foto aérea 100 anos depois (2010). É notória a transformação urbana da extensa área de quintas a norte da estrada de Benfica. Sobreviveu apenas a Quinta da Granja. Da Quinta das Palmeiras resta apenas uma pequena parte do eucaliptal, que hoje está transformado em parque público e é conhecido por “Eucaliptal de Benfica”. O local assinalado a amarelo, no cruzamento da R. João de Barros com a Rua Coronel Santos Pedroso, corresponde à localização aproximada da casa grande da “Quinta das Palmeiras”.


Foto tirada da casa, em direcção a nascente (c. 1912); as casas que se vêm por detrás da alameda de palmeiras, tinham frente para a Estrada do Poço do Chão. Ao fundo, à esquerda, na colina, identifica-se a Quinta da Granja, a última Quinta de Benfica que em 2011 ainda resiste à voragem do betão.


Vista aérea de Benfica, na década de 40 do século XX, com a estrada de Benfica e a Igreja, em primeiro plano; em cima à esquerda a entrada principal do cemitério de Benfica e à direita a Quinta das Palmeiras, com o extenso eucaliptal plantado pelo avô Joaquim e que ainda hoje existe, em parte, e a casa grande da quinta, já desaparecida. Em baixo, Ampliação a partir da foto anterior, sendo possível identificar a casa grande, o eucaliptal e uma das múltiplas alamedas de palmeiras, também plantadas pelo avô Joaquim, que existiam na quinta e que lhe deram o nome.



Nesta foto que data de 1954, ano da inauguração do estádio da Luz, ainda é possível identificar ao fundo a extensa área do eucaliptal e a casa grande, da Quinta das Palmeiras.


Uma vez instalados na Quinta de Benfica, houve que adaptar a vida da família Campos Amaral a um novo pais e uma diferente realidade. Um aspecto importante dizia respeito aos meios necessários para deslocar em Lisboa a numerosa família.  A avó Nanda frequentemente referia, com orgulho e nostalgia, as “duas” Renault em que a família se fazia transportar nas suas deslocações em Lisboa, sempre conduzidas por motorista. Eram de cor verde escura.
Muito provavelmente o avô Joaquim terá adquirido, para as deslocações da família, dois automóveis do mais recente modelo da Renault, o Coupé de Ville – type CB, lançado em 1912.




Foto da família Campos Amaral, pouco tempo após a mudança para a casa da Quinta das Palmeiras em Benfica (cerca de 1912) – à frente sentados nos degraus, da esquerda para a direita, José Luso, Susana, Amélia, Manuel e a avó Nanda; atrás, da esquerda para a direita, Maria, a avó Luciana e o avô Joaquim.
A Tia Maria Antónia, herdou a Quinta das Palmeiras. Em 1921, numa entrevista ao seu marido, o Dr. Alberto da Veiga Simões, a propósito da sua nomeação para o cargo de Ministro dos Estrangeiros, um jornalista do jornal “O século”,  faz a seguinte descrição da propriedade:
“... caminho largo, carregado a verde e ao fundo uma habitação admirável de proporções e bom gosto (...) Corrida a porta envidraçada, a disfarçar um lar de hospitabilidade e beleza, à esquerda um gabinete de trabalho arejado, ideias novas, novos processos, um ambiente de invulgaridade, de mistura com os “mapples” inevitáveis e umas quantas preciosidades, cuja enumeração deve ficar escondida à ávida curiosidade...”
“Ouvindo o novo ministro dos Estrangeiros”, “O Século”, 21.10.1921, pág.2
“...a porta envidraçada...” referida neste texto é a que se pode observar nesta foto


Foto de almoço em família na quinta de Benfica (c.1913); da esquerda para a direita, Manuel, ...(?)..., avô Joaquim, .(?)..., avó Nanda, ...(?)., Amélia, empregada da casa, avó Luciana, ....(?).., Maria e Susana.



O tio Manuel, as tias Susana e Amélia, a avó Nanda e o tio José Luso


A avó Nanda, a tia Maria, uma amiga, a tia Susana e a tia Amélia na escadaria da casa de Benfica

Luciana Leal Ferreira Souto, faleceu em Lisboa, na Quinta das Palmeiras em Benfica em 1916, estando sepultada no Cemitério dos Prazeres, no Jazigo dos Mântuas.

Após a sua morte, Joaquim Manuel de Campos Amaral regressou de novo ao Rio de Janeiro, com seus filhos, assumindo novamente a rédea dos seus negócios e voltando a ter um papel importante na Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, até á sua morte em 1918.

Em 1916, mais precisamente a 10 de Fevereiro, foi celebrado na Quinta das Palmeiras, o casamento entre Maria Antónia Leal Souto de Campos Amaral e o Diplomata Alberto da Veiga Simões, mas isso é uma outra história...