sábado, 8 de fevereiro de 2014

O AVÔ JOAQUIM MANUEL

Foto de Joaquim Manuel de Campos Amaral

Joaquim Manuel de Campos Amaral, nasceu em São Paio de Gramaços, (freguesia do Concelho de Oliveira do Hospital, Distrito de Coimbra), às 2 horas da tarde de 16 de Março de 1862, filho de Manuel Tavares de Campos e de Joaquina Rosa Ribeiro do Amaral. Foi baptizado na Igreja de S. Paio de Gramaços no dia 30 de Abril de 1862, tendo por padrinhos os tios maternos, Joaquim Ribeiro do Amaral e Amélia Ribeiro do Amaral, tal como consta do seu assento de baptismo.

                                                    AUC- Assentos Paroquiais de Baptismo; S. Paio de Gramaços-1862 /f5v-6

“Aos trinta dias do mês de Abril do ano de mil oitocentos e sessenta e dois, pelas doze horas do dia, na Igreja Paroquial da freguesia de S. Paio de Gramaços, Concelho de Oliveira do Hospital, Distrito Eclesiástico de Travanca de Lagos, Diocese de Coimbra, eu o Presbítero Dionísio Garcia Ribeiro, Prior da mesma freguesia, baptizei solenemente e pus os Santos Óleos a uma criança do sexo masculino a quem dei o nome de Joaquim, que nasceu às duas horas da tarde, do dia dezasseis do mês de Março deste ano, filho legítimo e primeiro do nome de ManuelTavares de Campos, proprietário e de Joaquina Rosa D´Amaral, recebidos na Freguesia de Lagos da Beira, o primeiro natural desta freguesia de S. Paio e a segunda da de Meruge, e hoje, ambos moradores na Quinta dos Queijais, freguesia de S. Paio. Neto paterno de Manuel Tavares e de Maria Josefa de Campos, naturais desta dita freguesia e materno de Francisco de Amaral e de Maria Leopoldina, naturais do lugar de Nogueirinha, freguesia de Meruje. Foram padrinhos Joaquim Ribeiro do Amaral, casado, proprietário e D. Amélia Ribeiro do Amaral, solteira, ambos naturais de Lagos da Beira, meus conhecidos, de que dou fé. E para constar lavrei em duplicado o presente assento de Baptismo que depois de ser lido e conferido perante os padrinhos, comigo o assinaram. Declaro que como procurador do padrinho, tocou no baptizado supra apresentado, Manuel de Amaral, solteiro, proprietário, natural do lugar de Nogueirinha. Era et supra”
“O prior Dionísio Garcia Ribeiro”

                           Foto da Igreja de S. Paio de Gramaços; foi nesta Igreja que foi baptizado o avô Joaquim em 1862

São Paio de Gramaços é uma povoação da Beira Alta com raízes na pré-história como o demonstram os achados arqueológicos que remontam ao período neolítico.
Foi sucessivamente ocupada pelos romanos, visigodos e árabes. A cristianização ocorre com a conquista das terras de Seia por Fernando Magno em 1056.
Em meados do século XII, no tempo de D. Afonso Henriques, Dom Chavão, rico-homem das terras de Seia e representante do rei neste território, tinha residência em Garamácios ou Gramaços e de acordo com o historiador e investigador Prof. Dr. António de Vasconcelos, “tinha os direitos de padriado eclesiástico na paróquia de Sampaio de Garamaços”.
O avô Joaquim tal como o Marquês de Pombal são descendentes deste Dom Chavão, mas isso é outra história.
A paróquia dedicada ao Mártir S. Pelágio (ou S. Paio) existia já no século XII integrada como Gramaços na terra medieval de Seia, com foro sancionado e reforçado em 1136 pelo primeiro rei de Portugal.
Nas Inquirições de D. Afonso III, em 1258, as terras de São Paio de Gramaços eram de D. Estevão Anes, "pretor" ou alcaide da Covilhã, muito embora a terra e o dono estivessem sujeitos às leis de Seia.
Em meados do século XVI (1543) foi constituída na igreja Paroquial a "Santa Irmandade do Mártir S. Pelágio", na qual D. João III se filiou e se declarou "Protector e Juiz Perpétuo", com estatutos próprios e grandes privilégios concedidos pelo Papa Júlio III (1550-1553). O retábulo principal da igreja representa o martírio de S. Pelágio e é do século XIX; S. Pelágio está ainda representado numa escultura em pedra da segunda metade do século XV. No interior da Igreja existem ainda imagens da Virgem com o Menino (Nª. Sr.ª. da Graça) dos séculos XVI-XVII, de N.ª Senhora do Rosário, em pedra, do século XVI, de Santo António, em madeira, dos séculos XVII-XVIII.
A frontaria da Igreja é do século XVII-XVIII e a torre da Igreja, de planta quadrada com dois corpos é do final do século XVIII 
No início do século XIX S. Paio de Gramaços e a sua população foram particularmente flagelados pelas tropas francesas do general Massena aquando da sua retirada para Espanha. Num documento datado de 25 de Abril de 1811, o padre José Joaquim Garcia Abranches, cura de S. Paio do Codeço, (actual S. Paio de Gramaços), conta que, os soldados franceses aí permaneceram três dias e quatro noites durante os quais cometeram as maiores atrocidades, deixando um rasto de devastação. No rescaldo da barbárie foram contabilizados sete mortos e onze feridos entre a população civil, sete casas incendiadas, das quais nada restou além das paredes, roubos de toda a ordem na igreja e fora dela.

Joaquim Manuel era o primeiro filho varão do casal Manuel Tavares de Campos e de Joaquina Rosa Ribeiro do Amaral. À data do seu nascimento em 1862, seu pai contava já com 54 anos. Tinha uma irmã mais velha, Maria Amália, nascida em 1860, e depois dele nasceram ainda: António (1864), Manuel (1867), João (1869), Maria Flaviana (1874), Serafim (1876), José Joaquim (1878) e Lucinda de Jesus (1881).

A 18 de Agosto de 1873, com apenas 11 anos, Joaquim Manuel assina um documento dirigido às autoridades eclesiásticas no sentido de lhe ser passada certidão com os dados do seu assento de baptismo.


 
Livro Documentos para pedido de Passaportes – Coimbra
Tomo 21; 1873; reg 3008

A 12 de Novembro desse mesmo ano é-lhe concedido passaporte, emitido pelo Distrito Administrativo de Coimbra, válido por sessenta dias, para sair de Portugal com destino ao Rio de Janeiro, pela barra de Lisboa onde embarcaria. A descrição que consta desse documento afirma que Joaquim Manuel tinha 11 anos, 1,43 m de altura, rosto redondo, cabelos e sobrancelhas de cor castanha, olhos de cor castanho escuro, nariz e boca regular e côr “natural” e nas observações, ressalva "sabe escrever".

Livro de Registos de pedidos de passaporte- Coimbra;
Tomo 6, 1873-1874; Reg 2108; f137v
 

Quando embarcou para o Brasil, seu pai ainda era vivo. Não sabemos as circunstâncias que motivaram a sua ida para o Brasil. Seus pais eram conhecidos proprietários em S. Paio de Gramaços. Sua mãe Joaquina Rosa era oriunda duma importante família de proprietários de Lagos da Beira, os Ribeiro do Amaral.

Os comerciantes portugueses estabelecidos no Rio de Janeiro faziam questão de contratar preferencialmente para as suas lojas jovens caixeiros vindos directamente de Portugal. Estas redes de contratação eram frequentemente baseadas em laços familiares ou geográficos e as próprias famílias dos jovens preparavam-nos para esse destino promissor assegurando a sua educação e providenciando os recursos necessários para pagar a viagem. 

Os jovens partiam com 12-14 anos e por vezes mais jovens, para escaparem ao serviço militar. Começavam como aprendizes na loja de um familiar ou conterrâneo e assim iniciavam um percurso penoso em direcção ao “El dorado” em terras de Vera Cruz. Eram anos de trabalho árduo até alcançar o primeiro objectivo, a participação na sociedade comercial. Os mais ambiciosos almejavam um dia ter um negócio próprio. A ascensão social em terras brasileiras passava frequentemente pelo casamento com uma das filhas do patrão.

A relação da família materna com Francisco Augusto Mendes Monteiro, pai do “Monteiro dos milhões” e  também ele oriundo de Lagos da Beira, pode explicar a rede de contactos que possibilitou a ida do jovem Joaquim em busca do sonho brasileiro. Ao longo da sua vida o avô Joaquim manteve uma relação de amizade com António Augusto Carvalho Monteiro, o “Monteiro dos milhões”, tanto assim que, quando regressou a Portugal já no século XX, adquiriu uma propriedade em Benfica, não muito longe da Quinta do “Monteiro dos milhões”. Também a importação de madeiras exóticas do Brasil para a construção da sua quinta em Sintra, a Quinta da Regaleira, esteve a cargo da sua empresa.

O avô Joaquim, com apenas 11 anos, terá pois embarcado em Lisboa com destino ao Brasil em Novembro ou Dezembro de 1873. Estamos a tentar localizar o navio em que terá embarcado para, através da lista de passageiros, tentar perceber com quem poderia ter viajado. O facto de ter saído pela barra de Lisboa e não no Porto leva a presumir que a viagem tenha sido em navio a vapor e não em veleiro. As grandes companhias europeias de navios a vapor que faziam a rota da América do Sul escalavam Lisboa, enquanto que os navios que saiam do Porto eram quase sempre veleiros de nacionalidade portuguesa. Desde o início dos anos 60 do século XIX que os vapores conseguiam cobrir a distância de Lisboa ao Rio de Janeiro em metade ou mesmo um terço do tempo exigido pelos veleiros. Havia vapores a fazer a viagem Lisboa-Rio em 18 dias. As condições a bordo também eram indiscutivelmente melhores. Quando as companhias de navegação anunciavam as camas e roupa de cama dos seus paquetes e outros pequenos luxos, como o pão fresco todos os dias, estavam na realidade a oferecer um serviço que os veleiros dificilmente poderiam igualar mesmo para os passageiros de 1ª classe. A maior e mais desimpedida área de convés dos vapores, onde os passageiros podiam movimentar-se, espairecer e conviver, era outra das suas vantagens.

O navio a vapor que transportou o avô Joaquim de Lisboa para o Rio de Janeiro, não seria muito diferente do retratado neste óleo de
 Facchinetti – “Entrada na baía do Rio de Janeiro - 1872”

A viagem em navio a vapor era, contudo, significativamente mais cara. No ano em que o avô Joaquim embarcou para o Brasil, a passagem mais barata num veleiro custava cerca de trinta e cinco mil reis (35$000) o que já de si era uma quantia avultada se considerarmos que um trabalhador rural ganhava menos de 200 reis por dia. Num navio a vapor a passagem era quase 30% mais cara. Fazendo a correspondência para os valores actuais e considerando que o valor do trabalho diário de um trabalhador rural anda à volta de 40 euros, a viagem custaria nos dias de hoje cerca de 9.000 euros. Representava para muitas famílias um investimento num futuro melhor e que frequentemente obrigava a vender propriedades ou ao endividamento.
A grande maioria destes jovens emigrantes, que triunfava e fazia fortuna no Brasil, partilhava um sentimento de gratidão para com as famílias que neles apostaram, muitas vezes com sacrifícios. O envio de remessas para a família, o investimento em obras de melhoria nas terras de origem e o auxílio a outros membros da família ou conterrâneos eram uma constante.
Já adulto e bem sucedido, o avô Joaquim mandou chamar o seu irmão mais novo, João Joaquim de Campos Amaral, dando-lhe sociedade nos negócios e abrindo-lhe as portas da sociedade carioca. João veio a casar com a filha de António José de Matos Guimarães, conhecido homem de negócios do Rio de Janeiro, grande amigo e sócio do avô Joaquim.
Desconhecemos o que se passou nos cerca de 17 anos, entre a sua chegada ao Rio de Janeiro e a fundação da firma AMARAL, GUIMARÃES & Cia em 1890. À data do seu casamento em 1892, Joaquim Manuel de Campos Amaral, era já um empresário de sucesso no Rio de Janeiro.
Casou no Rio de Janeiro, a 26 de Novembro de 1892 com Luciana Leal Ferreira Souto, tendo ficado a residir na Rua de S. José, no centro, onde nasceram os seus sete filhos, entre 1894 e 1907 (Joaquim Manuel, Maria Antónia, José Luso, Fernanda Amélia, Susana Maria, Manuel José e Amélia Clementina)
Ao mesmo tempo que a família crescia, também o papel do avô Joaquim no meio empresarial e comercial do Rio de Janeiro se consolidava adquirindo progressivamente uma posição de relevo, não só através do seu papel com empresário mas também como dirigente da importante Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, mas isso são outras histórias.
Na última década do século XIX e primeira do século XX, deslocou-se por diversas vezes a Portugal em virtude dos negócios. O seu papel na promoção do intercâmbio comercial entre o Brasil e Portugal foi reconhecido ainda durante o reinado de D, Manuel II, que lhe atribuiu a Comenda de Nossa Senhora de Vila Viçosa e o foro de Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, mas isso também é outra história.
Na viragem do século, em 1900, Joaquim e Luciana fazem uma grande viagem. Com o pretexto de visitar Paris, para a Exposição de 1900, visitam também o Portugal dos seus antepassados, mas isso também é outra história.
Na narrativa histórica da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, editada em 1930 pelo Professor Ferreira da Rosa, para além de nos dar a conhecer o importante papel que o avô Joaquim teve na história desta prestigiada instituição, dá-nos também algumas pistas que nos permitem esclarecer e colmatar algumas lacunas da história familiar.
O Prof. Ferreira da Rosa, refere que, em 1908, o avô Joaquim abandonou o cargo de presidente da associação por motivo de doença. A alegada enfermidade não seria de Joaquim Manuel de Campos Amaral, mas sim de sua mulher Luciana.Entre 1910 e 1916, não é feita qualquer menção ao nome de Joaquim Manuel de Campos Amaral no livro do Professor Ferreira da Rosa. Corresponde ao período de tempo em que a família Campos Amaral se mudou para a Europa, por motivo de doença da avó Luciana. Em Portugal o avô Joaquim manteve a sua actividade empresarial e escolheu a Quinta das Palmeiras em Benfica para acomodar a sua numerosa família. Foi nessa casa que a avó Luciana veio a falecer em 1916. 
Já viúvo, o avô Joaquim regressa ao Brasil com os seus filhos e retoma a sua actividade, não só como empresário, mas também como quadro dirigente da AEC-RJ. Em Julho de 1916, Joaquim Manuel de Campos Amaral é novamente eleito Presidente da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro.
A 30 de Junho de 1918, na sua casa na Rua de S. José 78, Joaquim Manuel de Campos Amaral, com apenas 58 anos, faleceu na sequência de uma infecção respiratória. Foi uma das primeiras vítimas da pandemia de gripe (a “pneumónica”) que assolou o mundo, nesse ano de 1918 e que no Rio de Janeiro viria a fazer milhares de vítimas.
Rua de S. José nº 78 (prédio do meio); o avô Joaquim faleceu nesta casa a 30 de Junho de 1918
A magnífica guarda em ferro forjado, “Art Noveau” da casa da Rua de S. José nº78
Rua de S. José nº 78 em 2009 (dos poucos prédios da transição do século, que sobreviveram no Centro do Rio de Janeiro) 

À data da sua morte para além de presidente da AEC-RJ, era também Presidente do Centro dos Industriais em Mármores e proprietário de duas casas comerciais, a Amaral Guimarães & Cia e a Amaral Pimentel & Cia.
Registo de óbito de Joaquim Manuel de Campos Amaral


“Ao primeiro de Julho de mil novecentos e dezoito, em cartório compareceu Luís Ramos, 
brasileiro, morador na Rua de S. José trinta e oito, exibindo atestado do Dr. Garçon Luís….que ontem ás vinte e três horas faleceu na casa número setenta e oito, onde residia, de gripe pulmonar da forma bronco-pleurisia, Joaquim Manuel de Campos Amaral, de cor branca, de cinquenta e oito anos, negociante, natural de Portugal, viúvo de Luciana Souto de Campos Amaral, existindo sete filhos maiores, filho de Manuel José de Campos e de Joaquina Rosa do Amaral e será sepultado no Cemitério de S. João Baptista…”

A morte inesperada do avô Joaquim deixou consternada a família, mas também a sociedade carioca, em particular nos sectores ligados ao comércio. A imprensa da época fez eco da morte do avô Joaquim e das cerimónias fúnebres, tendo a notícia sido publicada em todos os jornais do Rio de janeiro. 



“Gazeta de Notícias” - 3ª feira 2 de Julho de 1918, pág 3                     
“A morte do Comendador Campos Amaral"
- "Quem era o extinto" -
Cerca de 1 hora da manhã de ontem faleceu o Comendador Joaquim Manuel de Campos Amaral Guimarães, Presidente da Associação dos Empregados no Comercio.
Nascido em Portugal em 1860 veio para o Brasil ainda menino, aqui se dedicando ao comercio onde soube conquistar a estima e a admiração de todos.
Contava pois 58 anos de idade e da sua actividade ainda muito se tinha a esperar se não fora a implacável enfermidade que o arrebatou dentre os vivos – uma dupla pneumonia.
Ocupou por duas vezes o cargo de presidente da Associação dos Empregados no Comercio do Rio de Janeiro, que muito lhe ficou a dever pelos seus grande e relevantes serviços a ela prestados.
Da primeira vez que presidiu os destinos da Associação, teve esta a prova edificante do seu esforço e tino administrativo com a construção do majestoso edifício em que ora se acha instalada, à avenida Rio Branco.
A notícia da sua morte ecoou dolorosamente não só entre as classes comerciais onde o extinto consagrou toda a actividade de sua vida honesta e laboriosa, mas também no seio da nossa sociedade que o tinha em muita consideração.
A directoria da Associação do Empregados do Comercio no rio de Janeiro, como um justo preito de homenagem aquele que concorreu para a prosperidade dessa instituição, reclamou da família o corpo do Comendador Campos Amaral, que foi assim transportado, ás primeiras horas da manhã, da Rua de S. José número 78 para a sede da Associação, a cujas expensas foi feito o enterro.
Na sala de recepção foi então armada uma câmara ardente, na qual ficou o cadáver até às 5 da tarde, sendo extraordinário o número de pessoas que o foram velar
O Comendador Amaral Guimarães era viúvo e deixa sete filhos que são os seguintes: Sr. Joaquim Manuel Campos Amaral, filho, comerciante; D. Maria Antónia Veiga Simões, esposa do Dr. Veiga Simões, cônsul de Portugal no Pará; e os menores José, Fernanda, Susana, Manuel e Amélia.
Desde 27 de Julho de 1816 que exercia o lugar de presidente da Associação, para o qual fora eleito por grande maioria, tendo também o título de sócio benemérito da mesma sociedade.
O enterro –
Às 5 horas da tarde de ontem teve lugar o saimento fúnebre para o cemitério de S. João Baptista, com grande acompanhamento, sendo considerável o número de ricas coroas que cobriam o caixão.
A urna funerária foi conduzida do salão para o carro pelos Srs: Francisco Leal, presidente da Associação Comercial; Eurico Simões, Pedro Xavier e Samuel de Oliveira, respectivamentedirector, 1º secretario e tesoureiro da Associação dos Empregados no Comercio; A. Pimentel, sócio do extinto e A. Leivas, chefa da casa Leivas.”  

“ A Época” – 3ª feira 2 de Julho de 1918, “página portugueza”

"A morte do Comendador Campos Amaral"
- "A imponência do funeral" -

"A morte do comendador Campos Amaral pode dizer-se que consternou toda a cidade. Não podiam ter outra impressão os que tomaram parte do saimento fúnebre do malogrado negociante ou o presenciaram.
Viam-se muitos olhos marejados de lágrimas. Quando na câmara ardente armada na sala de recepção da Associação dos Empregados no Comercio, o Sr. Samuel d’Oliveira, tesoureiro da prestimosa colectividade, leu junto ao féretro um discurso emocionante fazendo ressaltar o valor, a honradez e os serviços que o comendador prestara à Associação durante os anos em que a ela presidiu, a comoção invadiu todos os presentes e raros foram os olhos que ficaram enxutos. Não pode haver momento mais angustioso nem mais solene em que os soluços que a custo tentavam reprimir-se, os crepes que se viam por toda a parte e que exprimiam o luto da Associação, as coroas de flores que se amontoavam, os consternados abraços que entre si trocavam muitos dos presentes, significando a dor que os atribulava, tudo isso dava a esse momento uma solenidade tão empolgante, que nem pode imagina-lo quem a ele não assistiu.
O Sr. Comendador Joaquim Manuel de Campos Amaral era português. Nasceu em Oliveira do Hospital e viera para o Brasil criança ainda. Contava 58 anos. O seu tino comercial e administrativo dera-lhe desde há muito, um lugar de destaque na colónia. Duas vezes foi eleito para a presidência da benemérita Associação que pranteia hoje a sua morte. Foi um dos grandes propugnadores da construção do sumptuoso edifício da Associação feito durante a sua primeira gerência.
Sucumbiu ontem de madrugada a uma pneumonia dupla que o atacou em seguida a um resfriado, depois de ter presidido terça feira ultima a uma reunião da directoria. Quasi se pode dizer que morreu no seu posto.
A directoria da Associação quis assumir as honras do funeral e por isso solicitou da família o corpo do honrado negociante, que falecera em sua casa na rua de S. José. E para o edifício da Avenida foi ontem de manhã transportado o caixão, coberto desde logo de crepes e de flores.
Alem da presidência da Associação que tanto lhe devera o finado, era presidente do Centro de Marmoristas de(os de Botafogo fecharam em sinal de luto) e chefe das casas Amaral, Guimarães e CIª e Amarais, Pimentel e Ciª.
O enterro com enorme acompanhamento, efectuou-se ás 5h da tarde, falando por essa ocasião, em nome dos empregados no comércio, o Sr. Manuel de Oliveira, companheiro de administração e no Cemitério ao baixar o corpo, falou o Sr. Jacinto de Magalhães em nome dos seus companheiros de administração.
Notámos as seguintes coroas; Lembrança eterna de seus filhos e genro, lembrança da sua sogra e cunhadas; na gratidão de seu irmão José; Justo preito de seu sócio Fernando Pimentel; a Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro – ao seu saudoso Presidente; ao Comendador Joaquim Manuel de Campos Amaral – os seus companheiros de Administração; os funcionários da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro…..
Entre inúmeras outras pessoas, notamos a família do finado….

“Correio da Manhã” – 3ª feira 2 de Julho de 1918, pág 5

“O falecimento do Presidente da Associação dos Empregados no Comércio"

"Na madrugada de ontem, deu-se nesta capital o passamento do Comendador Joaquim Manuel de Campos Amaral, vitimado por uma pneumonia dupla.
Nascido em Portugal, o extinto, para aqui viera menino, empregando toda a sua actividade no nosso país. E tão intimamente estava ligado, por laços de família e por interesses comerciais ao Brasil que se poderia tê-lo já na conta de um brasileiro.
Pela segunda vez exercia ele a Presidência da Associação dos Empregados no Comércio no Rio de Janeiro, estando o seu nome ligado desde a primeira gestão, á construção do edifício sede, levantado á avenida Rio Branco.
O finado, para além de Presidente daquela agremiação, era presidente do Centro dos Industriais em Mármores.
O Comendador Amaral, que contava 58 anos de idade, era chefe das importantes casas comerciais desta praça Amaral Guimarães e Cª e Amaral Pimentel e Companhia.
O corpo foi transportado para a sede da Associação dos Empregados no Comércio ás 7h da manhã, sendo depositado em um dos salões transformados em Câmara ardente, onde foi velado pela família, seus sócios, directores da Associação e amigos…”

A Associação dos Empregados no Comércio, encarregou-se do funeral e rendeu-lhe homenagem de respeito e saudade. O corpo esteve presente em Câmara Ardente no salão nobre da  sede da Associação, na avenida Rio Branco, "...que logo se cobriu de crepe, desde as escadarias, sendo muito rica a armação na câmara ardente". Assim relatava o jornalista do "Jornal do Comércio" do Rio de Janeiro, no dia 2 de Julho de 1918.

Foi do edifício sede, construido no decurso do seu primeiro mandato como presidente da Associação, que por volta das 5 horas da tarde, saiu o cortejo fúnebre em direção ao Cemitério de S. João Baptista no Rio de Janeiro. O considerável número de pessoas, entre familiares, amigos, colegas e cidadãos anónimos que quiseram prestar uma última homenagem ao Homem que foi Joaquim Manuel de Campos Amaral integrando o cortejo fúnebre, obrigou à interrupção parcial do trânsito na principal artéria da cidade, a avenida Rio Branco. Era assim que a avó Nanda recordava as cerimónias fúnebres.

Em comunicado à imprensa, a Directoria da Associação anunciou a deliberação tomada em sessão extraordinária de "Manter hasteada a bandeira em funeral até à missa do 7º dia; tomar luto por 8 dias e celebrar exéquias"  em homenagem póstuma ao seu presidente, falecido no exercício das suas funções.


Comunicado da Associação publicado no jornal "A Gazeta" de 4 de Julho de 1918






1 comentário:

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